quinta-feira, 3 de abril de 2008

Dissertação (Deborah Alves).

*Baseada no poema "Tabacaria" - Álvaro de Campos (um dos heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa).


“Não sou nada. / Nunca serei nada. / Não posso querer ser nada. / À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”. Os versos do poema Tabacaria retratam um indivíduo desiludido com a vida. Mas que guarda muitos sonhos dentro de si.
Nos parágrafos seguintes, ele fala de sua condição humana. Uma pessoa sozinha em seu quarto, que pela janela observa a realidade do dia-a-dia, vendo a transição de muitas pessoas, ou seja, uma alma que está presa entre quatro paredes observando os outros viverem. E lá, ele começa a analisar a vida.
“Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. / Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer...”. Ele se sente vencido, já não tem forças para lutar e mudar a situação em que vive. Sabe que assim nunca conseguirá ser feliz.
“Falhei em tudo.”. Nessa estrofe ele afirma ter errado em tudo, por não ter feito propósito nenhum. Em seguida ele diz: “Fui até ao campo com grandes propósitos. / Mas lá encontrei só ervas e árvores, / E quando havia gente era igual à outra.”. Parece nos dizer de uma pessoa cheia de objetivos, mas que não teve oportunidades, ninguém que o pudesse ajudar.
“Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?”. Exprime não saber mais quem é. Mais adiante nos revela não acreditar mais em si mesmo. “O mundo é para quem nasce para o conquistar / E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.” O mundo não é para quem vive sonhando, e, sim, para quem tem atitude e capacidade para realizar seus objetivos.
“Fiz de mim o que não soube / E o que podia fazer de mim não o fiz.”. É um relato de uma pessoa que não soube o que fazer de sua vida. E o que podia ter feito, não fez. E quando quis mudar essa realidade já era tarde demais.
Nas últimas estrofes a personagem principal deixa de criar seus versos, quando vê um homem que se interfere entre ele e a Tabacaria, quando vai comprar um tabaco eu acho. Voltando à realidade ele deixa de analisar a vida, e vê que está dentro dela.
“... e o universo / Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança...”.
Esse poema trata de um assunto muito importante para nós. Faz-nos refletir sobre o que somos, o que temos feito para mudar ou melhorar nossa realidade, as dificuldades que são enfrentadas para realizarmos nossos objetivos... E que não devemos ver a vida passar e ficarmos de braços cruzados.

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