quinta-feira, 3 de abril de 2008

Dissertação- ( Fabiana Arantes Santos)

Baseada no poema “Tabacaria” - Álvaro de Campos

O poema tabacaria é considerado uma das obras do homônimo de Pessoa – Álvaro Campos- em sua faze mais pessimista. O poema é de 15/1/1928 é foi escrito perto da morte de Pessoa. Nesse contexto, o poema retrata o imenso vazio do poeta e o contraste entre o seu universo interior e exterior. Há uma necessidade do poeta em analisar a sua própria existência em face da existência da tabacaria. Por isso, o autor demonstra a impassibilidade de sua vida e de seus sonhos, em que ele parece perceber mais vida no movimento da tabacaria do que em sua própria existência.
É possível perceber o tom de niilismo e uma completa descrença em qualquer ideologia e vontade de conquistar o mundo. “O mundo é para quem nasce para conquistá-lo e não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.” Essa frase demonstra a descrença do autor em alimentar sonhos, já que ele acredita que uma das razões para o seu vazio foi ter sonhado mais do que ter tentado alcançar algo que tenha alguma valia para o seu crescimento humano. Se bem que ele mesmo perde a dimensão daquilo que corresponde a esse crescimento como indivíduo.
O poeta parece se considerar um nada e não acreditar na importância de sua obra. “Gênio? Neste momento cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu”. Nessa frase o autor parece questionar a relevância de sua obra e a idéia de que ele seria um gênio como escritor. Ele prefere acreditar que vários indivíduos, como ele, se consideram gênios e por isso a sua pessoa não mereceria tal destaque.
Apesar de não sabermos se esse poema é autobiográfico, há uma sensação de que Pessoa fala de si mesmo como alguém que se desilude no término de sua existência. Talvez haja a percepção de que não há razões para lutar, nem para se atrelar aos moldes sociais. Parece que nem mesmo o poeta compreende qual seria a razão para a vida e qual seria o nosso conforto perto do leito de morte. Esse é um tema existencial que assombra diversos poetas: há razão para sonhar e seria relevante o nosso sonho de conquistarmos e modificarmos o mundo?

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