domingo, 20 de abril de 2008

ESTUDO DIRIGIDO

* Questões formuladas e respondidas de acordo com o texto “Educação para a vida”, de Pedro Demo.



1. Para Rubens Alves, o que é Educação?

“Uns tolos dizem que educação é preparar para a vida, como se a vida fosse algo que vai acontecer no futuro. Educação não é preparar para a vida. Educação é vida, no presente, com seus prazeres, alegrias, espantos, assombros. Isso: a educação deveria produzir assombro. Porque o mundo é assombroso!” (Alves, 2007:25).


2. Qual o estado e região do Brasil, citados pela reportagem, como mais desiguais na proficiência escolar? O que isto indica?

O estado mais desigual seria São Paulo, e a região mais desigual o Sudeste, o que indica que poderia econômico pode facilmente correlacionar-se com agravamento das desigualdades.


3. O que Fábio Waltenberg diz sobre quantidade e qualidade quando é citado em uma reportagem?

A reportagem cita o autor deste último estudo, F. Waltenberg: “Muitos estudos no Brasil só consideram a quantidade nas comparações educacionais, mas a qualidade é determinante da renda. Não basta transferir dinheiro para os mais pobres. Resolver o nó da qualidade é o caminho para alterar a estrutura de desigualdade” (Folha de São Paulo, 2007: C1).


4. O que se pode dizer sobre a qualidade da educação, em termos mais concretos?

Em termos mais concretos, a qualidade da educação é, não só o que mais interessa, mas principalmente o condicionante maior da renda, não o contrário. Por mais que, na vida, corramos atrás da renda – os pais dizem sem cerimônias que esperam da escolarização uma melhor chance de renda, em primeiro lugar – não se chega a ela sem qualidade educacional, em especial para a população pobre. Segue que educação de qualidade seria o fator mais decisivo para enfrentar a concentração de renda, porque nela se conjugam qualidade formal (sabe pensar) e política (saber intervir) (Demo, 2004a). Persiste, porém, a visão analítica da educação como anexo da renda.


5. O que a secretária de Educação do Estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães, sugere para enfrentar o problema da desigualdade na educação?

Maria Helena Guimarães sugere que vai enfrentar o problema da desigualdade na educação com um “sistema de recuperação dos alunos com dificuldades de aprendizado”, incidindo no mesmo quantitativismo equivocado: não faz qualquer sentido pretender recuperar alunos que aprendem mal através da mesma lógica do sistema que os fez aprender mal.


6. O que é necessário para se fazer proposta prática?

Admite, então, que, para fazer proposta prática, precisa reduzir a complexidade real, razão pela qual fica apenas com o olhar econômico e, dentro deste, com a referência do crescimento econômico traduzido em renda per capita.


7. Sob o rótulo de “para que serve o governo”, o que loschpe responde?

Loschpe responde, na linha liberal, naturalmente – “serve para maximizar o bem-estar da população”, apressando-se a dizer que, falando de população, está implícita “uma noção de isonomia entre seus membros” (Id.:18).


8. Qual a conseqüência em investir ou não em capital humano?


No longo prazo, os países ricos que não investem em capital humano tendem a ver seu crescimento de renda estagnar, e aqueles que investem bastante em capital humano tendem eventualmente a aumentar seu nível de renda.


9. Como a educação é assumida?

Educação é assumida como “meio para o desenvolvimento”, a “mais conducente ao crescimento de um Brasil democrático e livre. E livre, em primeiro lugar, da tirania da pobreza, que torna o homem liberto um escravo de sua própria subsistência” (loschpe, 2004:28).


10. O que indica a teoria do capital humano?

“A teoria do capital humano indica que as competências adquiridas nas escolas aumentam a produtividade do trabalhador” (Ib.)


11. O que significa “Nurture”?

“Nurture”, em contraposição a “nature” (natureza), significa a ação humana sobre a natureza e, aqui, especificamente sobre os filhos. Sugere-se que a influência dos pais é bem menor do que se imagina, com realce, em geral, para a educação ocorrida no peer group (grupos de crianças da mesma idade).


12. No mundo capitalista, o que o crescimento causa? Por quê?

No mundo capitalista, crescimento “causa” desigualdade, porque a dinâmica de mercado não se orienta pela equalização de oportunidades, mas pelo lucro (Bakan, 2004).


13. Qual conseqüência altas taxas de crescimento têm de fato?

De fato, altas taxas de crescimento têm como conseqüência a redução da pobreza absoluta (dos pobres comparados consigo mesmos), algo que se percebe também no programa social “Bolsa-Família” (Weissheimer, 2006). No entanto, o crescimento não toca a estrutura da apropriação desigual da renda, exacerbando a pobreza relativa (comparação dos mais pobres com os mais ricos).


14. O que falta à população?

Falta à população a habilidade de confronto, cuja base maior é saber pensar e organizar-se politicamente, algo que poderia começar na escola, em especial na escola pública, onde estudam os alunos mais pobres.


15. Temos hoje, diante de nós, o desafio de conduzir eticamente as mudanças tecnológicas avassaladoras, aparecendo como repto maior humanizar tais avanços. Quais são as duas preocupações mais gritantes?

I) Cuidar que o Planeta não sucumbe perante a exploração desenfreada e predatória do mercado neoliberal;
II) Cuidar que os processos vigentes de marginalização social possam ser tratados de modo bem mais igualitário.


16. O que Santos diz sobre as culturas?

Como bem diz Santos (2005;2006), embora as culturas tendam a se ver como completas e como referências inamovíveis, é fundamental que se percebam como incompletas, porque isto facilitaria sua convivência. Na prática, somente entidades incompletas conseguem aprender. Gerir esta incompletude é engenharia das mais sensíveis, seja para evitar conformar-se com pouco, seja para não querer demais. E isto coloca o desafio de “saber” mudar.


17. O que é mercado?

Antes de falar mal do mercado liberal, há que reconhecer que mercado é dinâmica natural das sociedades, tendo em vista que todas elas precisam dar conta de seus recursos físicos e culturais, em termos de produção, consumo, distribuição, e decorrentes disputas. Problema não é mercado, mas mercado capitalista.


18. O que predomina no mercado?

Predomina como regra, a imposição truculenta de renovação constante em nome das exigências de competitividade e produtividade. O trabalhador torna-se descartável, como tudo aos olhos do mercado: em nome do lucro, tudo se descarta, natureza, ser humano, patrimônios culturais, biodiversidade...


19. Em que a educação se conta?

Educação não se conta apenas por quantidade de livros na biblioteca, freqüência escola, anos de estudo, domínio de conteúdos, mas principalmente pela habilidade de saber pensar.



20. Qual a estratégia mais segura de redistribuição de renda?

Ao lado da cidadania popular organizada e dotada de projeto alternativo, educação de qualidade parece ser a estratégia mais segura de redistribuição de renda, porque não é esta que condiciona a qualidade da educação, mas o contrário. Evidentemente, renda também é fundamental. No entanto, há que, primeiro eliminar qualquer laivo determinista, como parece ser o caso de loschpe (2004), e, segundo, modular um relacionamento mais flexível e inteligente entre renda e educação. Pessoas educadas e suas idéias, como diria Duderstadt (2000), ainda são mais decisivas que renda.

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